quarta-feira, 30 de outubro de 2019

escritores urgentes, escritores ruminantes e os poetas

os poetas estão para a escrita assim como os arquitectos estão para as casas.
É assim que os vejo.
A poesia entrou-me pelos ouvidos como a pintura me entrou pelos olhos.
A Rádio acompanhou-me desde que nasci (a "aparelhagem" só entrou na minha adolescência) e foi assim que ouvi chegar a poesia: Rádio Clube Português...? Rubricas de poesia de programas de sábado do Júlio Isidro...? Já lá não consigo chegar....
A televisão trouxe João Villaret, David Mourão Ferreira, Vitorino Nemésio, Mário Viegas, Pedro Lamares.
E de cada audição e visão, as palavras ficavam a pairar cá dentro... na alma.... no coração... hipnotizada é o conceito... coisa só minha, porque ninguém percebia porque eu percebia a poesia....
O Liceu trouxe-me a poesia escrita... procurar poesia tornou-se um conforto... portuguesa, claro, que não domino as línguas outras para perceber a poesia e a traduzida tem a alma do tradutor nas entrelinhas... coisa só minha, porque ninguém percebia porque eu percebia a poesia....
Deixei a poesia para os poetas durante 10 anos (2009-2019), vamos lá saber porquê... (claro que sei)
Neste final de ano de 2019, voltei aos meus poetas, porque não há volta a dar, continuo a ficar hipnotizada... coisa só minha, porque ninguém percebe porque eu percebo a poesia....


lembrando os dias inúteis




continua a ser quarta feira



quarta feira

terça-feira, 29 de outubro de 2019

hora do chá



antes das duas da tarde

There's a story in an ancient play about birds called The Birds
And it's a short story from before the world began
From a time when there was no earth, no land.
Only air and birds everywhere.
But the thing was there was no place to land.
Because there was no land.
So they just circled around and around.
Because this was before the world began.
And the sound was deafening. Songbirds were everywhere.
Billions and billions and billions of birds.
And one of these birds was a lark and one day her father died.
And this was a really big problem because what should they do with the body?
There was no place to put the body because there was no earth.
And finally the lark had a solution.
She decided to bury her father in the back if her own head.
And this was the beginning of memory.
Because before this no one could remember a thing.
They were just constantly flying in circles.
Constantly flying in huge circles.


energia

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

a ocupação livre do espaço

Haiku de hoje:

"roda o vento a rosa
até chegar
ao cais"

com ambiente musical

gentilmente partilhado pelo poeta

para a mandala


como as molas da roupa se cruzam...

... ou como nada acontece por acaso...?


a história da mola da roupa...

....ou como da imagem se chega às palavras...





... achei a história muito boa (no meu contexto de vida é semelhante às minhas idas à Biblioteca Itinerante da Gulbenkian e a minha vontade de reter os livros...). Não gosto de ler o livro depois de ver o filme e assim deixei este escritor em banho maria. Até que li a noticia que tinha escrito Bridge of Clay (gosto mais do titulo original que do tristemente escolhido Nada menos que um milagre)
Markus Zusak escreveu desde 1999 a 2019 sete livros. Para mim está no grupo dos escritores ruminantes. Dez anos para sofrimento, arrependimento, dúvidas mas , para mim, apurar as palavras usadas, como o cozinheiro que prova e acerta os temperos vezes sem fim até desligar o fogão (ou alguém o fazer desligar...) porque nada mais há a melhorar no sabor final.
Foi assim que degustei o livro... parar e saborear...

"respirar a brisa da lixívia"
"A doce agonia de quando se vai fazer algo acontecer, a agonia da novidade."
"No interior, paredes de tom creme e uma tremenda rajada de vazio; tudo ali cheirava a solidão."
"Havia até um corvo, gordo e de penugem volumosa; parecia um pombo de gabardina. Mas não enganava ninguém." 
"deixou uma cicatriz no relvado, e o mundo tornou-se incoerente."
"O Rory, cor de ciclone."
"a Pietá, Cristo como líquido nos braços de Maria."
"a autocaravana tremeu e abanou e tossiu cá para fora um homem."
"Nos seus olhos, metal do melhor que lhe vira em anos." 

Eu só quero que me prendas como mola no sizal...

... ou como do canto se faz luz....





O inverno no joelho quando dobra
Estremece e anuncia esta chuva que me acorda
Novas manhãs, rugas e cãs
Eu por engomar
O tempo dá
O tempo tira
O tempo cobra
O tempo dá
O tempo tira
O tempo cobra
A cadeira quase me devora
O teu cheiro no armário ainda não se foi embora
Onan, bom vivã, a paixão de tão vã
Só veio assombrar
Novas manhãs, trincámos maçãs
E a serpente a olhar
O tempo dá
O tempo tira
O tempo cobra
O tempo dá
O tempo tira
O tempo cobra
E a falta que me fazes no meio deste vendaval
Eu só quero que me prendas como mola no sizal
E a falta que me fazes no meio deste vendaval
Eu só quero que me prendas como mola no sizal.
-------------------------------------------------------------------------

João Tordo tem 12 livros editados em 14 anos. Para mim, este ritmo faz dele um escritor urgente. Não os li todos (as leituras são como as viagens... Quantas vezes regressamos ao mesmo país, por mais que tenhamos sido felizes nele...?). Conheci-o em 2008 com o Hotel Memória, fixei a âncora com As Três Vidas. Hoje terminei A mulher que correu atrás do vento . Espanta-me sempre a labiríntica forma de contar as histórias ( a vida também não é em linha recta, pois não...?). Como se todas as histórias tivessem uma pitada de livro policial de Agatha Christie.

se eu continuar a escrever, vou continuar a dizer a verdade[...]. Talvez escrever não seja aquilo que eu pensava que era. Eu não quero dizer a verdade. Pelo contrário: quero escondê-la, ocultá-la dentro de histórias, mascarar a dor com as minhas personagens.

sábado, 26 de outubro de 2019

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Carole Cadwalladr

Carole está completamente obcecada e ainda bem...
Porque este jornalismo precisa de ser divulgado e espero que alguns cidadãos passem pelo gato aurélio e o vejam...




porque inscrevi-me no netflix só para poder ver  isto...


terça-feira, 15 de outubro de 2019

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Valete



este recado tem a ver com uma conversa mãe-filho sobre esta dor de cabeça... não consigo partilhar aqui o video em questão.... mas estou com o Valete!

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

somos como borboletas que voam 1 dia pensando que o farão para sempre*

* Carl Sagan


Todo los que conocemos
Todos los recuerdos
Todos los humanos
Todos los que vendrán
Todos sus pasajeros
Nuestras penas y glorias
Nuestros deseos
Todos los amores que peleamos
Los amores que vinieron para rescatarnos
Los besos impacientes
Los que se quedaron
Entre tu labio y mi vientre
Civilizaciones, bellos y plebeyos
Santos, pecadores
Amantes y abstemios
Sueños adoptados
Grandes y pequeños
Libres y ocupados
Sobre dimensionado
Todos los relatos de nuestras emociones
Partires benditos mil y una religiones
Diminuto escenario
Repleto de sobre poblaciones
Todo todo ocurre en un momento
Un puntito diminuto
Un granito de arena
Una mota de polvo del universo
Todo todo
Ocurre en un instante
Las estrellas dicen
Que nosotros somos fugaces
Blue, diminuto planeta azul
Donde habitan los nuestros
Donde habitas tu oh
Blue, diminuto planeta azul
Donde habitan los nuestros
Donde habitas tu
Blue, el punto de vista lo pones tú tú tú
Todos los que se desviven
Los presos de la prisa
Los relojes que nos persiguen
Todas las palabras enfrentadas
Las palabras que conviven
Ángeles anónimos secretos y costumbres
Ideologías sobre pedestales de lirios
De grandeza prejuicios a la inversa
Leyes que no nos representan
Todo todo ocurre en un momento
Un puntito diminuto
Un granito de arena
Una mota de polvo del universo
Todo todo
Ocurre en un instante
Las estrellas dicen
Que nosotros somos los fugaces
Blue, diminuto planeta azul
Donde habitan los nuestros
Donde habitas tu oh
Blue, diminuto planeta azul
Donde habitan los nuestros
Donde habitas tu
Blue, el punto de vista lo pones tú tú tú
Nuestra alimentada auto importancia
Nuestra falsa proyección
De una posición privilegiada
Nuestro viejo comiendo vidas
Por la gloria de un momento
Nuestro eco apenas llega
Unos milímetros
En la perspectiva del universo
Blue, diminuto planeta azul
Donde habitan los nuestros
Donde habitas tu oh
Blue, diminuto planeta azul
Donde habitan los nuestros
Donde habitas tu
Blue, el punto de vista lo pones tú tú tú tú tú
:: Letra: Dani Macaco

:: Letra: Dani Macaco