Inconstitucional era um rei triste. Disputava com o seu irmão Paralelipipedo o trono do País das Palavras.
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Os números desejavam destruir o País das Palavras. Eram invejosos. (...)Os números odiavam principalmente o Exercito das Poesias, pois sabiam que era o mais poderoso.
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Mas que fazer num tempo em que dominavam os fundamentalistas do Calão, uma estranha religião, um tempo em que nada mais era estupendo, glorioso, magnifico, no máximo era giro, era fixe.
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Inconstitucional estava diante do espelho a reflectir, metaforicamente falando, sobre a situação, quando o palácio foi invadido por uma horda de ícones chineses, liderados por um indecifrável anagrama alemão. Inconstitucional quis resistir mas fora abandonado por todos. Só lhe restava a fidelidade da sua secreta amada Esperanto, mas que era, obviamente uma lingua inútil(...). E assim morreu Inconstitucional. Ao lado do seu corpo foi encontrado apenas um papel com o seu nome, umas aspas e um ponto final.
Edson Athayde, in O Indireita