já existiu um tempo em que as crianças, em Portugal, acreditavam que era o Menino Jesus que lhes deixava os presentes junto da árvore de Natal e do Presépio. Eu era uma fervorosa crente. Acreditava que aquele Menino se dava ao trabalho de perceber quem se tinha portado bem e que por ter muito que fazer, eu não me cruzava com ele quando me deixava os presentes, enquanto nós, à meia-noite, íamos à Missa do Galo, na Igreja dos Capuchinhos. Eu tinha sempre esperança de que esse encontro acontecesse mas o Miúdo trocava-me as voltas. Até que chegou o medonho dia em que a minha mãe me confrontou com a realidade nua e crua: o Menino Jesus tinha mais que fazer do que entregar presentes... Achei inconcebível que durante os primeiros 6 anos da minha vida eu fosse tão tola para acreditar naquela fantasia!
Fiz o mesmo com a Prole, que os meus pais fizeram comigo, já não com o Menino Jesus mas com o pai natal e um dia a história repetiu-se... Foi coisa não esquecida até hoje mas desconfio que o irá repetir com a sua prole...
O imaginário é coisa que nos tira a sede como a agua que bebemos. A magia tira-nos os pés da realidade.
Ontem gostei de ver as crianças mas principalmente nós adultos a arregalar os olhos, incrédulos, querendo continuar a acreditar que o Menino Jesus nos continua a pôr os presentes no sapatinho...