...como filha adorei ter a mãe em casa sem que tivesse que me preocupar com nada. O conforto de pensar que chegar era igual a ter alguém a esperar-me.
Esta situação não foi escolha da mãe, mas antes imposição do pai "que ganhava o suficiente para a família" e "mulher minha não trabalha fora de casa". Nem quero imaginar a dureza que foi para ela, ter (sim, ter é o verbo pois estávamos na década de 50 do século passado) que desistir da sua independência, da sua liberdade, enfim da sua anterior vida, para se concentrar na vida familiar e doméstica.
O que é mais interessante nesta história é que pai e mãe, criaram uma filha para que ela pudesse ser independente e com vida própria, quebrando este ciclo .
A nostalgia dos anos 50 só pode vir de uma geração que não assistiu a esta privação de vida própria e acho que é a mesma que quer festejar os "gloriosos anos 20" ou "no tempo do Salazar é que era bom".
A falta de referencias, de ídolos, de uma geração de pais que não acreditam em nada e nada transmitem aos filhos em que acreditar. A solidão em que essas crianças crescem porque os pais trabalham 15 horas por dia e se sentem abandonadas e a terem que crescer sozinhas ou com as regras que com os seus pares criam.
Acho interessante a ideia de se cuidar dos filhos em casa, durante os 2 primeiros anos. Mas as condições é que não podem ser estas: depender financeiramente da cara metade. Penso que será indiferente se for um(a) progenitor(a) ou o(a) outro(a), pois essa coisa do instinto maternal está sobrevalorizado. A única situação que para mim seria justa, era o Estado apoiar esse elemento da família de forma justa e que a pessoa se sentisse valorizada pelo trabalho que está a fazer.
Já essa coisa de cuidar dos maridos.... até me cria brotoejas.