Terminei agorinha o segundo livro desta minha fase de "desintoxicação" do facebook.
Já o tinha comprado em Agosto de 2018, por 10 euros, na Bertrand. Apesar de durante anos não ter conseguido ler nada que tivesse mais de 1 página, sempre tive esta compulsão de comprar livros, única extravagância mesmo em tempos menos líquidos financeiramente.
O que fez começar agora a sua leitura foi um comentário de José Luís Peixoto na contra capa:
"Recomendável, recomendável, recomendável."
Fiquei com a pulga atrás da orelha. Durante o percurso (talvez até ao primeiro terço) duvidei algumas vezes que fosse recomendável, apesar de adorar a estrutura do livro, que Coe, trabalhou espantosamente.
Não consigo colocar aqui a capa do livro por achar de tão mau gosto, tão pobre, tão sem nexo, que por isso fui buscar esta imagem da terceira página, a um anuncio da OLX. Até penso que, para quem só olha para as capas dos livros antes de os comprar, esta afasta qualquer pessoa interessada...
Mesmo a Editora ASA deveria tratar melhor a "embalagem" das sua publicações, principalmente tratando-se de um livro que recebeu os seguintes prémios:
- Writers' Guild Best Fiction Award 1997
- Prémio Médicis Étranger 1998
- Prémio Europeu dos Jovens Leitores
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Nota em 26-07-2019: tive que mudar a imagem e então é esta coisa tão linda a capa....
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O sono é algo que tem servido de calorosa discussão ao longo dos tempos. Eu adoro dormir e sei que se não durmo o suficiente, o dia seguinte corre menos bem. Não sou nada de opinião que dormir é uma perda de tempo porque , para mim, é como o telemóvel o e seu carregador: um sem o outro não fazem sentido. Também acho que o sono funciona como o CCleaner. Eu acumulo tanto lixo no cérebro durante o dia, que sinto mesmo necessidade da limpeza noturna.
Os sonhos já são outro assunto. Muito raramente me lembro de sonhar. O ultimo teve a ver com a minha gata que eu via a cair da varanda, na sua atividade caçadora. Acordava sempre com o coração aos pulos, angustiadíssima.
Mas o livro tem mais do que sono. O que somos capazes de fazer por paixão? Paixão pelos outros, pelo trabalho, pela ciência, pela vida... Não se consegue mentir quando há paixão, assim como não se mente quando se está a dormir...?
Coe faz referência a outra escritora que me seduziu: Simone Weil, no seu livro A Gravidade e a Graça. Os bocadinhos por ele transcritos para abrir a curiosidade:
Aceitar um vazio em nós mesmos é sobrenatural. Onde está a energia que temos de encontrar para um acto que não tem nada para o contrabalançar? A energia tem de vir de outro lugar. Contudo, primeiro, tem de haver uma dilaceração, tem de ocorrer algo de desesperado, tem de ser criado o vazio.
Um tempo tem de passar, um tempo tem de ser suportado, sem qualquer recompensa, natural ou sobrenatural.
O vazio poder resultar em renascimento? A Fénix sem as cinzas...?
Da gravidade à graça: Vida e obra de Simone Weil from Iracema Filmes on Vimeo.