quarta-feira, 25 de setembro de 2019

solo

descobri no menu do blog uma coisa que se chama "leituras" e dei de caras com um artigo do blog sound+vision sobre o amor da minha vida...
como as pesquisas são como as cerejas fui dar à pagina Jazz.pt onde o António Branco conta a história do concerto de Colónia:
Registo de um recital a solo de Keith Jarrett (n. 1945) na Ópera de Colónia, a 24 de janeiro de 1975, “The Köln Concert” – editado pela alemã ECM – é um consumado milagre. Não por ser um dos álbuns de jazz mais vendidos de sempre – a importância artística deve medir-se por outra bitola –, mas porque a Lei de Murphy estava prestes a cumprir-se quando uma guinada do destino permitiu que a ocasião acabasse por se tornar num dos pináculos da arte de um músico tão excelso quão temperamental.
Perdura, aliás, na memória portuguesa aquela noite de 24 de junho de 1981, no lisboeta Coliseu dos Recreios (à época uma sala desconfortável e fumarenta), quando Jarrett interrompeu várias vezes a sua atuação devido ao ruído provocado por alguns espetadores, até que pegou na toalha e, irado, abandonou de vez o palco. (Teria de passar um quarto de século até que o músico voltasse a pisar solo luso.)
Mas voltemos a Colónia. O entusiástico público – audível na gravação – ignora que as horas anteriores haviam sido particularmente penosas para o pianista. O recital fora organizado por Vera Brandes, que com apenas 17 anos era a mais jovem produtora de espetáculos na então República Federal da Alemanha. O músico dormira mal nas noites anteriores, estava cansado após uma longa viagem num Renault 5 desde Zurique, onde tocara dias antes, com dores nas costas e esfomeado, quando finalmente chegou (atrasado) à cidade alemã.
Logo percebeu que o piano disponível não era o que havia solicitado à organização, um Bösendorfer 290 Imperial. A equipa encontrou um outro instrumento da mesma marca nos bastidores e assumiu que seria aquele o escolhido pelo músico. O erro foi descoberto tarde demais: aquele piano (que servia apenas para ensaios) era mais pequeno, os pedais não funcionavam e revelava problemas de afinação insanáveis em tempo útil. Jarrett ameaçou não tocar, mas acabou por ser demovido por Brandes. Ao jantar, os funcionários do restaurante italiano onde tinha sido reservada mesa também se confundiram, o que fez com que a refeição chegasse apenas a tempo de Jarrett dar umas garfadas antes de ter de sair. (continuar a ler aqui)
ontem, por acaso, vi um filme sobre o confronto em ténis Borg vs McEnroe e já tinha visto há muito tempo atrás outro sobre Bobby Fisher, O Dono do Jogo e, no fim da noite, comecei a pensar:
como o comum cidadão dá de barato que todos estes fenómenos humanos (Borg refere no filme que não é uma máquina) existem para nos divertirem e como para nós, tudo para eles é fácil...
conheço de perto uma situação, não tão agreste, mas que sei o sofrimento que provoca diariamente, a noção de que não são são como as pessoas, mas que adorariam ser... que davam tudo para serem "normais"...
quem os rodeia tem duas possibilidades:
1. esmifrar o talento até ao tutano (aquilo que fazem os "pais" dos jogadores), para que eles sejam o reflexo daquilo que nunca conseguiram ser;
2. acompanhar de perto e tentar alargar horizontes, provocando a socialização, alertando na fase de crescimento, professores, treinadores, para a diferença que vão encontrar nestas pessoas; mostrar-lhes que há mais vida para além de terem que ser o número Um.




não são vidas fáceis e para quem acompanha é ter uma luz avisadora sempre ligada, mas acredito que podem ter momentos felizes ao longo da sua vida...