terça-feira, 7 de janeiro de 2020

osmoses da alma

as almas mesmo não se conhecendo, reconhecem-se. Quando miúda, visitávamos em férias e épocas festivas, a aldeia dos meus avós maternos e onde a minha mãe viveu até aos 13 anos. À noite (com estrelas que me tiravam o ar), já deitada, ouvia as vozes dos rapazes, nas ruas silenciosas e sem iluminação, cantarem as músicas populares da região. Que melhor música de embalar se pode querer...? É esta memória que me chega com estes mistérios.





No berço que a ilha encerra
Bebo as rimas desse canto,
No mar alto dessa terra
Nada a razão do meu pranto.

Mas no terreiro da vida
O jantar serve de ceia,
E mesmo a dor mais sentida
Dá lugar à Sapateia.

Ó meu bem, ó Chamarrita
Meu alento e vai e vem,
Vou embarcar nesta dança
Sapateia, ó meu bem!

Se a Sapateia não der
Pr’a acalmar minh’a alma inquieta,
Estou p’ró que der e vier
Nas voltas da Chamarrita.

Chamarrita, Sapateia
Eu quero é contradizer,
O alento desta bruma
Que às vezes me quer vencer.

Ó meu bem, ó Chamarrita
Meu alento e vai e vem,
Vou embarcar nesta dança
Sapateia, ó meu bem.