O homem não é nunca um primeiro homem: começa logo a
existir sobre certa altitude de pretérito amontoado. É este o tesouro único do
homem, o seu privilégio e a sua marca. E a menor riqueza desse tesouro consiste
no que dele parecer acertado e digno de ser conservado: o importante é a memória
dos erros que nos permite não cometer sempre os mesmos. O verdadeiro tesouro do
homem é o tesouro dos seus erros, a longa experiência vital decantada gota a
gota durante milénios.
Ortega y Gasset in A Rebelião das Massas (1930)