POEMA DAS ÁRVORES
As árvores crescem sós. E a sós florescem.Começam por ser nada. Pouco a poucose levantam do chão, se alteiam palmo a palmo.Crescendo deitam ramos, e os ramos outros ramos,e deles nascem folhas, e as folhas multiplicam-se.Depois, por entre as folhas, vão-se esboçando as flores,e então crescem as flores, e as flores produzem frutos,e os frutos dão sementes,e as sementes preparam novas árvores.E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas.Sem verem, sem ouvirem, sem falarem.Sós.De dia e de noite.Sempre sós.Os animais são outra coisa.Contactam-se, penetram-se, trespassam-se,fazem amor e ódio, e vão à vidacomo se nada fosse.As árvores, não.Solitárias, as árvores,exaram terra e sol silenciosamente.
Não pensam, não suspiram, não se queixam.Estendem os braços como se implorassem;com o vento soltam ais como se suspirassem;e gemem, mas a queixa não é sua .Sós, sempre sós.Nas planícies, nos montes, nas florestas,A crescer e a florir sem consciência.Virtude vegetal viver a sósE entretanto dar flores.António Gedeão (1906-1997),in “Obra Poética”, edições JSC, 2001.
"Não se adicionam os amigos do peito", diz a Inês Maria Menezes.
Estou com um nó na garganta.
Terminar amizades ao longo da "volta a Portugal em bicicleta" que tem sido a minha vida eu já dou de barato... As mudanças de morada cortaram a entrega de correspondência, os carris da vida divergiram tanto que nunca mais chegaram a estação nenhuma, sei lá....
Terminar amizades sem sair do sítio, foi a primeira vez que me aconteceu. Pela boca seca e tremor no corpo, percebo agora que custa muito.
Não tenho mais a acrescentar a este fabuloso Amor é, pois sei agora que o luto tem que ser feito, não terei a sorte de voltar a ter amigos do peito tão próximos , geograficamente, de mim, mas a vida continua a valer a pena e, a amizade, a relação mais importante na vida.
S´il me reste un ami qui vraiment me comprenneJ´oublierai à la fois mes larmes et mes peines