segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Eu só quero que me prendas como mola no sizal...

... ou como do canto se faz luz....





O inverno no joelho quando dobra
Estremece e anuncia esta chuva que me acorda
Novas manhãs, rugas e cãs
Eu por engomar
O tempo dá
O tempo tira
O tempo cobra
O tempo dá
O tempo tira
O tempo cobra
A cadeira quase me devora
O teu cheiro no armário ainda não se foi embora
Onan, bom vivã, a paixão de tão vã
Só veio assombrar
Novas manhãs, trincámos maçãs
E a serpente a olhar
O tempo dá
O tempo tira
O tempo cobra
O tempo dá
O tempo tira
O tempo cobra
E a falta que me fazes no meio deste vendaval
Eu só quero que me prendas como mola no sizal
E a falta que me fazes no meio deste vendaval
Eu só quero que me prendas como mola no sizal.
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João Tordo tem 12 livros editados em 14 anos. Para mim, este ritmo faz dele um escritor urgente. Não os li todos (as leituras são como as viagens... Quantas vezes regressamos ao mesmo país, por mais que tenhamos sido felizes nele...?). Conheci-o em 2008 com o Hotel Memória, fixei a âncora com As Três Vidas. Hoje terminei A mulher que correu atrás do vento . Espanta-me sempre a labiríntica forma de contar as histórias ( a vida também não é em linha recta, pois não...?). Como se todas as histórias tivessem uma pitada de livro policial de Agatha Christie.

se eu continuar a escrever, vou continuar a dizer a verdade[...]. Talvez escrever não seja aquilo que eu pensava que era. Eu não quero dizer a verdade. Pelo contrário: quero escondê-la, ocultá-la dentro de histórias, mascarar a dor com as minhas personagens.